domingo, 25 de abril de 2010

Paixão à primeira vista...


Lá estava eu
solitário e isolado.
Comigo estava tudo o que era meu
e incrivelmente você estava ao meu lado.

Eu não queria nada
não queria ninguém.
Então você me aparece preocupada,
perguntando se estava tudo bem.

Disse eu que era só sono
mas tinha um pouco de tristeza.
Eu não tinha nenhum plano
mas notei sua beleza.

Em pouco tempo estava cego,
e você com perguntas e elogios,
me encheu de atenção e assim, massageou meu ego.

Há muito tempo não me sentia assim
não sabia o que era ser especial.
É óbvio que eu estava afim,
aquela situação não era normal.

Não era nada normal tanta coisa em comum,
não era um dia qualquer.
Não havia encontrado em lugar algum
uma menina tão mulher.

Olhar atento, sorriso inocente,
eu sentia aqui dentro
que você era diferente.

Nunca havia visto nada igual
paixão à primeira vista,
aquilo tudo era tão legal...

E assim aconteceu
você me enclausurou no teu sorriso.
Eu já me sentia seu
ali era o meu paraíso.

(Continua...)


Alfredo Brasil da Cunha


quarta-feira, 21 de abril de 2010

terça-feira, 20 de abril de 2010

SAC do Amor

E se o Amor fosse uma mercadoria, que estivesse à venda? Se pudéssemos adquirir através de um negócio, uma compra, como outra qualquer?

Em um dos meus (muitos) devaneios, fiquei imaginando como seria o diálogo entre um consumidor insatisfeito, e um funcionário do SAC :

- Bom dia, meu nome é Ana, falo com quem?
- Osvaldo, mas o dia não está bom, não.
- Em que posso ajudá-lo, senhor Osvaldo?
- Comprei um produto de vocês, o Amor, e não está funcionando.
- O senhor tem em mãos, a NF e o recibo de pagamento?
- Puxa, que saco, hein? Vou buscar.
...
- Tá, estão aqui.
- Poderia me passar os números, por favor, senhor?
- Tal, tal e tal.
- Um momento, por favor...só mais um minuto. Obrigada por aguardar, me diga qual o defeito que o produto apresenta.
- Simplesmente não funciona, minha filha! Comprei, segui as orientações do manual, ofereci à pessoa para a qual imaginei oferecer, e ela não aceitou.
- Sinto muito, senhor, mas o produto não tem garantia de aceitação.
- Como assim? Você tá de sacanagem comigo, não tá?
- Não, senhor. A mercadoria é para uso pessoal. Garantimos a sua satisfação, mas não que a pessoa para qual o senhor a dedique, retribua. Isso seria impossível.
- Mas isso não faz sentido, moça. Você acha que eu comprei esse negócio pra mim?
- Sim, senhor. O objetivo do Amor, é fazer bem a quem o sente, é proporcionar alegria a quem o utiliza. Não podemos nos responsabilizar que o efeito se dê nas demais pessoas, para as quais o senhor o estende.
- Deixa ver se entendi : eu devo ficar contente pelo simples fato de sentir Amor por alguém, mesmo que esse alguém não sinta por mim?
- E o senhor não fica?
- É claro que não! Que idéia sem pé nem cabeça! Desde quando, não ser correspondido, pode fazer alguém feliz?!
- Senhor, Amor é convite, não é intimação. É doação, não é troca. É liberdade, não é prisão.
- Quero devolver essa encrenca, entendeu? Não vou ficar com mais uma tranqueira em casa, que não serve pra nada!
- Tudo bem. Me passe os dados da sua conta bancária, que faremos o reembolso.
- Tá, e como eu faço pra devolver o produto?
- Devolva-o na loja onde o adquiriu, após confirmar o depósito em sua conta. Isso deve levar três dias úteis. Anote o número do protocolo, por favor.

Cinco dias depois, o Osvaldo foi à loja. No balcão, viu uma mulher, fazendo a mesma reclamação que ele fez por telefone:

- Você também ficou insatisfeita?
- Sim, eles fazem propaganda enganosa...não funciona, essa porcaria!
- Sei, eu estou devolvendo o meu. Segui as orientações, e quando ofereci, nada aconteceu.
- Deveríamos reclamar ao Procon.
- Também acho. Vamos até lá, juntos, já que nos sentimos lesados da mesma forma.
- Vamos, sim...duvido que resolva alguma coisa, mas...tudo bem.

Foram, fizeram a reclamação. Depois, tomaram um café, trocaram telefones. Ligaram. Saíram juntos, no domingo, com seus cachorros, pra passear no parque. Jantaram no restaurante preferido dele, depois de assistirem à estréia, no cinema, de um filme que ela queria ver.

Ficaram amigos, riem juntos. Ele acha incrível, o jeito delicado como aquela covinha que ela tem na bochecha se forma, quando ela sorri, e toma muito cuidado pra que ela não perceba que, às vezes, não consegue prestar atenção ao assunto sobre o qual ela está falando, porque fica hipnotizado pela sua beleza. Mas ele não diz nada disso, pra ela. Teme que se sinta pressionada a dizer alguma coisa legal, também, mesmo que não sinta, só para agradá-lo, e não quer correr esse risco.

Ela adora o cheiro dele. Não é o perfume que ele usa, que também é delicioso, mas o cheiro da pele dele, o cheiro natural. E o que dizer da voz? Nossa, ela contou para a melhor amiga, que a voz do Osvaldo é o som mais sensual que ela já ouviu. A amiga perguntou :

- Você já disse isso a ele?
- Ainda não. Por enquanto, me contento em saber e sentir.

Passou mais de um mês, desde que o Osvaldo ligou para o SAC.

Hoje, depois de já ter escutado de vários atendentes diferentes, que eles não podem passar a ligação para a Ana, e de continuar tentando, quase que a tarde inteira, aconteceu :

- Boa tarde, meu nome é Ana, falo com quem?
- Não deve ter só uma Ana, aí, mas eu reconheço a sua voz. Sou o Osvaldo, lembra de mim?
- Desculpe, senhor, mas, infelizmente...
- Não tem problema, Ana, eu lembro de você, e só queria dizer uma coisa.
- Pois não, senhor.
- “Amor é doação, não é troca”. Entendi o recado, muito obrigado.


Autor desconhecido